Restrições. Imagine que alguém lhe entregue uma folha de papel e fale “me desenhe uma paisagem…” e completa “mas só pode usar metade do papel, só pode usar caneta preta, não pode ter círculos…”. O talento aparece quando, mesmo sobre restrições tão grandes, ainda se consegue produzir algo de valor. A premissa do filme “O Segredo dos seus Olhos” é simples e batida: um crime não solucionado que afeta a vida de todos os envolvidos. Com uma premissa assim poderia se esperar um filme pouco atrativo, ou até medíocre, porém, como quem desenha uma bela paisagem só com tinta preta, o filme é uma grata surpresa.

Uma jovem professora, recém casada, é brutalmente assassinada. Um promotor público, a contragosto, é designado para tratar do caso sem suspeitar que sua vida nunca mais seria a mesma a partir do momento que seus olhos descobrissem a cena do crime. A história trata dos desdobramentos desse brutal assassinato enquanto nos mostra como o promotor, a juíza, o marido, o assassino e outros personagens seguem suas vidas após o acontecido.

O filme não perde o ritmo. Os detalhes do crime vão sendo descobertos (ou revistos) pouco a pouco mantendo o espectador interessado. Ao mesmo tempo que o promotor visita e re-visita o assassinato, ele interage com a personagem da juíza com a qual mantém uma relação “não-resolvida”. Ambos: crime e relação, se estendem por muito tempo e em conjunto. O final é ótimo, fechando muito bem uma produção cheia de acertos, a destacar a atuação de Ricardo Darín, que interpreta o promotor.

O sujeito pode mudar de tudo: de cara, de casa, de família, de namorada, religião, de Deus…Mas, tem uma coisa que o sujeito não pode mudar: não se pode trocar de paixão.

“O Segredo dos seus Olhos” é uma produção argentina que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009. Quem tem Netflix pode ver o filme aqui: http://www.netflix.com/WiPlayer?movieid=70124687.

Segue o trailer: